Doses maiores

14 de junho de 2023

Junho de 2013: o ninho empresarial

Em seu livro “Fascismo Brasileiro”, Rudá Ricci destaca o modo como empresariado nacional reagiu aos direitos sociais reconhecidos pela Constituição de 1988. Para eles, tratava-se de uma ameaça ao livre-mercado e uma “retomada da pauta comunista”.

Surgem, então, organizações como a União Democrática Ruralista, União Brasileira de Empresários, Câmara de Estudos e Debates Econômicos e Sociais e Grupo de Líderes Empresariais.

A partir de 1990, a militância política do alto empresariado nacional se intensificou e passou a disseminar seus valores, recrutando militantes jovens e organizando mobilizações de massa. Nesse período surgiu o Instituto Millenium, fundado por acadêmicos, executivos e profissionais liberais, como Denis Rosenfield, Paulo Guedes, Rodrigo Constantino e Hélio Beltrão. Os três últimos envolvidos diretamente com o golpe contra Dilma e o apoio a Bolsonaro.

Começava a ser montado o cenário que levaria aos ataques abertamente golpistas até desembocarem no impeachment, em 2016.

Presente em todas essas iniciativas estava Jorge Gerdau. Presidente da maior empresa brasileira produtora de aço, ele teve grande influência na gestão de estatais brasileiras nos governos petistas. Em especial, sob Dilma Rousseff, quando presidiu o Conselho de Administração da Petrobrás e o Conselho de Desenvolvimento.

Mas nada disso impediu, por exemplo, que num jantar promovido pela Fiesp, em 27/08/2015, Gerdau afirmasse que a indústria estava “morrendo”. Sobre o governo Dilma, já sob forte ataque golpista e que o acolheu tão bem, nenhuma palavra de defesa.

Tem gente da esquerda que enxerga em Junho de 2013 o ovo da serpente fascista. Mas na época, um desses ninhos amaldiçoados já estava instalado nas dependências do Palácio da Alvorada há muito tempo.
 
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