Na edição de 25/03/2023 da revista New Yorker a jornalista Rivka Galchen publicou um artigo divulgando dados que refutam a teoria da importância dos machos-alfa na natureza e questionam a discriminação contra pessoas com base em sua idade, conhecida como etarismo. Um exemplo de etarismo ocorre quando jovens têm suas opiniões desprezadas porque seriam imaturos. Mais comum, porém, é o desrespeito a idosos, cujas capacidades são consideradas obsoletas.
O artigo de Rivka aborda as descobertas de Kira Cassidy, pesquisadora do Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos. Observando lobos, ela descobriu que o fator decisivo nas brigas entre matilhas não é o tamanho do grupo ou um macho-alfa em sua liderança. É a presença de indivíduos idosos, machos ou fêmeas, que torna mais provável a vitória do grupo em uma batalha.
Depois disso, ela pesquisou estudos sobre outros animais e encontrou achados semelhantes. Em tempos de seca, as manadas de elefantes com uma matriarca veterana se saem melhor. Quando há escassez de peixe, as orcas seguem a avó do grupo. “Nas lutas entre bandos, vemos que os anciãos não entram em pânico”, diz Kira. “Costumam acalmar os companheiros e mantê-los unidos. Ou talvez ajudem o bando a evitar brigas que eles sabem que não podem vencer, o que aumenta sua taxa de vitórias”, conclui ela.
Essas conclusões não seriam nada surpreendentes em muitas sociedades antigas ou alternativas, nas quais a experiência dos mais velhos sempre foi muito importante. Mas em nosso meio, a obsolescência programada da produção capitalista contamina as relações pessoais. Enquanto isso, velhas falsidades, como o “machismo-alfa” e a estupidez senil, são revalidadas.
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Boa, gostei da expressão "obsolescência programada da produção capitalista". Na vida coletiva os com mais idade realmente tem seu valor, mas na individualidade capitalista não.
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