“Quando certas palavras são eliminadas do discurso público, certos pensamentos também o são”, diz Michael Parenti no livro “Os camisas negras e a esquerda radical”.
É o caso de “classe”, exemplifica ele. Um vocábulo que, geralmente, é rejeitado porque expressaria uma noção marxista ultrapassada, sem relevância para a sociedade contemporânea. É curto, tem seis letras. Mas é tratado como um palavrão.
A partir disso, ficou fácil descartar outros conceitos politicamente inaceitáveis, como privilégio de classe, poder de classe, exploração de classe, interesse de classe e luta de classes. É a negação classista do conceito de classe.
A palavra iniciada com C também é um tabu quando aplicada aos milhões que fazem o trabalho da sociedade por salários geralmente mesquinhos, a “classe trabalhadora”.
A palavra iniciada com C é um termo aceitável apenas quando seguida do adjetivo tranquilizador “média”.
Ao incluir quase todos, a “classe média” funciona como um conceito convenientemente amorfo que mascara a exploração e a desigualdade das relações sociais. É um rótulo de classe que nega a realidade do poder de classe.
Essas são, sem dúvida, ótimas e oportunas observações do historiador e economista estadunidense.
Faltou apenas falar de duas palavras. A primeira é a palavra iniciada com F: fascismo. A segunda começa com B: burguesia. Nessa sopa indigesta de letras, muitas vezes é omitido que a segunda faz uso do primeiro sempre que lhe é conveniente.
Principalmente, quando tudo isso fica escondido sob o vocábulo “antifascismo”, que, isolado, costuma ser utilizado para esconder nexos causais comprometedores para as classes dominantes.
Antifascismo, mesmo, só acompanhado de outra palavra iniciada por A: anticapitalista!
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