Nenhum membro da cúpula das Forças Armadas foi investigado ou responsabilizado pela tentativa de golpe de 8 de janeiro, ocorrida um ano atrás. Oito generais do Exército e um almirante da Marinha foram citados na CPI dos Atos Golpistas. Nada aconteceu.
O discurso dominante no Governo, Judiciário, Legislativo, parte da imprensa é que as Forças Armadas, enquanto instituição, não podem ser responsabilizadas. Uma afirmação óbvia. Instituições não podem ser responsabilizadas. Seus integrantes, sim. Seus manda-chuvas, também. Seus comandantes, com certeza. Mesmo que sejam fardados.
Dois dos maiores responsáveis pela omissão na repressão aos golpistas servem de exemplo. O tenente-coronel Fernandes da Hora era comandante da Guarda Presidencial. Foi nomeado Instrutor do Curso de Altos Estudos Estratégicos, na Espanha. O General Gustavo Henrique Dutra era comandante militar do Planalto. Foi nomeado vice-chefe do Estado-Maior. Se o golpe tivesse prosperado, não estariam mais satisfeitos.
Um ano de impunidade, gritam vozes de vários lados. É muito mais que isso. São quase 40 anos desde que a ditadura abandonou a cena. Junto com Figueiredo, saíram impunes pela porta dos fundos do Palácio da Alvorada centenas de responsáveis por assassinato, tortura e corrupção. Alguns nem sair, saíram. Foram ficando.
O 8 de Janeiro só foi possível porque houve o 15 de Março de 1985, quando José Sarney, homem de confiança dos militares, assumiu o primeiro governo civil em 20 anos. Instalava-se a impunidade que atravessou vários governos e volta a ser renovada.
A tentativa de golpe foi um fracasso. A responsabilização e punição de seus mentores, uma vergonha que pode tornar ainda mais vexaminosa a democracia nacional.
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Perfeito. Muitas vozes e nenhuma responsabilização.
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