Segundo o livro “Parteiras da Revolução”, de Jane McDermid, muitos historiadores costumam considerar a Revolução de Fevereiro de 1917 como uma explosão espontânea. Afinal, ela foi produto de uma greve dirigida por mulheres e elas seriam demasiado atrasadas politicamente para se organizar conscientemente.
Ou seja, a ”espontaneidade” seria produto da ausência dos partidos políticos na organização e direção dos acontecimentos. Na verdade, as organizações socialistas nem mesmo previram aqueles momentos decisivos. Uma exceção importante eram algumas revolucionárias, incluindo as do partido bolchevique.
No período anterior à revolução, as militantes bolcheviques haviam criado núcleos de organização de trabalhadoras em toda a Petrogrado. Foram elas que decidiram transformar o Dia Internacional da Mulher em manifestação anti-guerra. As direções revolucionárias não esperavam que o resultado fosse a queda do czarismo, mas as operárias e mulheres do povo de Petrogrado já haviam percebido que a revolução estava na agenda. Não estava relegada a um futuro indeterminado, esperando a aprovação das direções partidárias.
A historiografia que adotou o ponto de vista das lutas travadas no “rés do chão”, demonstrou que, em cada fase do processo revolucionário, a sorte dos bolcheviques e de outras organizações socialistas dependia da massa de trabalhadores com pouca qualificação profissional, entre os quais estavam as mulheres trabalhadoras.
Jane afirma que sua obra “pretende mostrar que as mulheres foram parte integrante do processo revolucionário russo, desafiando as suposições de que serviram apenas para desencadear uma revolta essencialmente masculina”.
Ela cita a historiadora francesa Dominique Godineau, para quem, muitas vezes, as mulheres são apresentadas à parte dos processos revolucionários. Mas não há revolução possível sem a luta das mulheres.
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