Voltando ao tema indústria turística, vale a pena ler a entrevista “Os baixos custos exigidos pela indústria do turismo são baseados em salários baixos”, com Josep Burgaya, professor da Universidade de Vic, em Barcelona.
O entrevistado ressalta que “os baixos custos exigidos pela indústria do turismo são baseados em salários baixos, muito trabalho informal e extensas cargas horárias”. Desse modo, o setor depende principalmente do trabalho mal pago e precarizado dos imigrantes. São “estrangeiros servindo estrangeiros”, diz Burgaya.
A indústria do turismo fez disparar o custo de vida nas cidades onde opera, expulsando os moradores pobres para as periferias. A população visitante ultrapassa em muito a dos moradores. Amsterdã, por exemplo, tem 820 mil habitantes, mas recebe anualmente 20 milhões de turistas. O pior é que 80% dos enormes recursos movimentados são apropriados por plataformas digitais como Airbnb, Booking e Uber. As cidades ficam principalmente com impactos negativos como custo de vida elevado, degradação ambiental, problemas sociais e descaracterização cultural.
“Turismo é ir a um lugar pré-fabricado porque nos é imposto pelos padrões de consumo do capitalismo atual (...). Consumimos destinos em forma de fotografias. Viajar era conhecer. Fazer turismo é ter mais uma foto no currículo de consumo”, afirma ele. E o “nicho de mercado das viagens autênticas sofre do mesmo mal, mas pagando mais”.
O problema, diz o entrevistado, é que viajar não é mais possível. Somos todos turistas, queiramos ou não.
Toda essa situação pode ser resumida em uma elegante frase: “O capitalismo caga em tudo o que se apropria”. E, infelizmente, isso também é verdade para quase tudo o que nos rodeia.
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Verdade, questão importante
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