Semana passada, muita gente acompanhou o resgate dos mineiros chilenos, com lágrimas nos olhos. Mas, vamos à vida real. Cerca de 1 bilhão de pessoas acompanhou por TV e internete. O mesmo número a assistir a posse de Barack Obama. Um pouco mais que as 800 mil que viram a abertura das Olimpíadas de Pequim.
A fabricante de óculos escuros Oakley não perdeu a oportunidade. Doou aos homens os óculos especiais que usaram durante o resgate. Cada um custa US$ 200. Dizem que a gentileza da Oakley rendeu uma economia de US$ 41 milhões. Este seria o custo de uma campanha publicitária que pretendesse chegar à audiência alcançada pela transmissão da operação.
Outro que lucrou foi o presidente chileno. O governo de Sebastian Piñera tinha 46% de aprovação antes do acidente. Subiu 10% depois de coordenar a operação, devidamente assessorado por especialistas em comunicação e marketing.
Os próximos negócios devem vir na forma de livros, filmes, especiais para a TV. Os mineiros resgatados já se entenderam. Dizem que vão dividir a renda que virá dos direitos sobre os produtos de forma igualitária. Bom pra eles.
O fato é que o grande negócio das minas não são os minérios. É a exploração de seus trabalhadores. Sua força de trabalho custa pouco, mas os lucros que ela gera são enormes. E sempre para uma minoria. Mesmo que os 33 heróis da mina São José realmente sejam beneficiados, aqueles que usarão sua história de resistência e coragem ficarão com a parte do leão.
Não há tragédia que não possa ser aproveitada pelo capitalismo. Aliás, tragédias são sua especialidade.
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