Esse fevereiro de 2011 bem poderia resultar na reedição de outro, acontecido em 1917, na Rússia, onde também se ganhou uma batalha crucial, que oito meses mais tarde, dá nascimento a uma revolução que, com suas conquistas e seus defeitos, mudou o curso da História contemporânea. É cedo demais para formular prognósticos de longo prazo. Mas, quem poderia agora se atrever a descartar a possibilidade de que o mundo árabe também tenha seu outubro?Lourival Sant'Anna publicou reportagem para O Estado de S.Paulo, em 15/02. Fala sobre um dos líderes do movimento que derrubou Mubarak. É Halim Henish, 22 anos, estudante de direito e um dos fundadores do movimento “Justiça e Liberdade”. Sua principal arma de agitação foi uma página criada no Facebook pelo diretor de Marketing do Google, Wael Ghonim.
O repórter perguntou o que Halim pretende fazer após a queda de Mubarak: “Entrar para a política?” Não, disse o jovem: “Quero ir para uma ilha com minha mulher amada, que ainda não encontrei, e o meu notebook."
Os militares estão no poder no Egito. Revogaram a constituição e as leis autoritárias. Mas, pretendem proibir greves e manifestações. Querem o povo de volta a suas casas. Prometem eleições. Só não dizem para quando. A oposição moderada não tem pressa. O regime continua intacto.
Infelizmente, o jovem Halim pretende fazer aquilo que interessa aos que estão no poder. Já, a realização das esperanças de Boron depende de muitas variáveis. Uma delas é a continuidade e a radicalização das ações de rua. Não apenas no Egito. É preciso fazer tremer os governos amigos dos Estados Unidos na região. Mas, também o conservadorismo que domina o Irã.
A revolução egípcia precisa tornar-se revolução árabe. Avançar o quanto puder pelo Oriente Médio e África. Não pode ficar ilhada. Do contrário, vencerá o individualismo de Halim. Será derrotada a luta popular contra o imperialismo e a opressão.
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