Era uma vez uma casa superlotada. Cheia de gente, amontoada, vivendo mal e mal se agüentando. Aí, alguém colocou um camelo no meio da sala. O tamanho, o cheiro e o jeito sem jeito do bicho pioraram muito a situação. Passado um tempo, alguém levou embora o camelo. Todos ficaram aliviados. Nem notaram que continuavam habitando uma casa insuportável.
Este é o risco que corre o povo egípcio. Hoje, Hosni Mubarak pode estar fazendo o papel de um bicho insuportável. Sua retirada é mais do que necessária. Mas a saída voluntária pode ser conveniente para quem o colocou lá. O Egito é importante demais no jogo sujo dos imperialistas no Oriente Médio.
É o país com maior população na região. Tem grande produção de petróleo. Conta com o segundo maior auxílio militar dos Estados Unidos, atrás de Israel. Achar que as Forças Armadas são um mal menor, por exemplo, é um erro. Mubarak e seu vice são militares.
O problema não se resume a toda corrupção e autoritarismo representados pelo ditador de saída. O neoliberalismo foi aplicado no país para beneficiar o grande capital. É a maior causa da revolta do povo egípcio. O imperialismo é o principal inimigo.
A grande imprensa anda posando de campeã da liberdade. Mas, jamais denunciou a ditadura egípcia como fez com os governos da região que são mal vistos por Estados Unidos e Israel. A oposição moderada pode aproveitar a situação para vender caro seus serviços ao imperialismo.
Há muitos camelos na casa. As forças populares não devem ficar satisfeitas com a retirada de apenas alguns deles.
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