O
órgão se especializou em divulgar números que fazem acreditar que o País se
aproxima rapidamente de uma situação de invejável justiça social. Mas a
realidade verificável no dia a dia não parece levar a tal conclusão. Muito
provavelmente, trata-se de problemas de metodologia.
Para
a SAE, são de classe média famílias com renda entre R$ 291 e R$ 1.019 por
pessoa. Os valores já são questionáveis por si só. Mas, além disso, a definição
não considera outras variáveis, como acesso a certos serviços e direitos, nível
de escolaridade etc.
A
própria reportagem avisa que a definição adotada pelo governo “pouco tem a ver
com o conceito sociológico de ‘classe média’, tradicionalmente ligado aos
chamados trabalhadores de ‘colarinho branco’ e nível médio de instrução”.
Afinal,
diz a matéria, 64% dessa nova “classe média” tem, no máximo, ensino fundamental
completo. Por outro lado, o extrato populacional que mais contribui para o
aumento desse setor intermediário é formado por negros.
Segundo
a SAE, em 2002, a população negra correspondia a 31% dessa nova “classe média”.
Em 2012, ela teria chegado a 52%.
Resumindo,
é bem provável que uma grande parte da população que ganhou renda nem por isso
conquistou melhores condições de vida. Não à toa, a maioria dessa parcela é formada
por negros. O racismo brasileiro continua muito eficiente.
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