Doses maiores

26 de junho de 2013

Dormindo, não! Só um cochilo...

Uma das palavras de ordem mais cantadas nas manifestações que estão nas ruas diz que “o povo acordou”. Quem nunca abandonou as mobilizações, greves e jornadas de lutas não gostou, com razão. Respondemos algo como “respeitem quem nunca foi dormir”.

Mas não foi bem assim. A esquerda que faz oposição ao governo deu uma bela cochilada. Durante a ligeira soneca, sonhávamos com o momento em que ficariam claros todos os erros dos governantes de plantão. Quando presenciaríamos uma onda de greves e lutas. Os trabalhadores e a população pobre finalmente dando razão a nossos avisos.

Já a esquerda governista, dormia na sombra há algum tempo. Confiante no desenvolvimentismo e nas políticas públicas do lulismo. Embalada pelos números positivos da popularidade presidencial. Toda confortável roncando nos beliches do poder, mesmo sob o xixi feito pelos ocupantes da cama de cima.

Uns cochilando, outros dormindo. Foi assim que as manifestações nos surpreenderam. É verdade que há corrupção, preços altos, serviços públicos ruins, gastança com dinheiro público. Tudo isso e muito mais são revoltantes, mas também são parte do dia-a-dia há muito tempo.

O que provocou a ira popular, muito além do preço das passagens de ônibus? Por que não conseguimos prever nada do que está acontecendo? É difícil responder, agora, ainda com remela nos olhos.

Esse cochilo pode nos custar caro. Não por causa de algum golpe direitista. Mas pela capacidade que o poder tem de se reorganizar. O jeito é jogar água na cara e tentar recuperar o atraso. Bem despertos para as lições do povo na rua. Aprendendo humildemente com os lutadores anticapitalistas recém-chegados.

2 comentários:

  1. É esse o tom da prosa, camarada. O trabalho é contribuir e aprender com o movimento de massas emergente, e acelerar a marcha, não para barrar a da direita, mas sim para impedir a rearticulação do poder.
    Eu só não entendi quando fala de esquerda governista. Que esquerda está com este governo? Se for a que estou pensando, faz tempo que não é mais de esquerda. Aliás, quem está com o governo para mim não é de esquerda. Este governo está à direita de um governo social-democrata, portanto, a anos luz da esquerda.

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    1. Pois é, camarada. Ser de esquerda não é ser necessariamente revolucionário. É lutar, brigar, pedir, implorar (ou fingir fazer tudo isso) por melhores condições de vida pra maioria explorada. Neste caso, PT, PCdoB, partido trabalhista inglês, social-democrata alemão etc, toda essa merdaí é de esquerda.

      Por que não dizemos que são de direita? Porque trabalham pra direita, mas atraem muita gente do povão que é de esquerda nesse sentido aí, de lutar, brigar, pedir, implorar por melhores condições de vida pra maioria explorada (mas não fingir que faz tudo isso).

      Tô falando isso basicamente pra dizer que tem muita esquerda na base do lulismo. E a esquerda verdadeiramente revolucionária tem que dialogar com esse povo pra deixar de ser minoria. Não estou falando da corja empoleirada no poder. Mas daqueles que perdemos pro projeto vagabundo do lulo-petismo.

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