Em 08/10, o escritor Luiz
Ruffato fez um discurso corajoso na abertura da Feira do Livro de Frankfurt. Afirmou
que o Brasil nasceu sob o domínio do genocídio e que nossa “democracia racial” é
resultado de estupro. Estava referindo-se, principalmente, ao racismo que atinge
negros e indígenas no País.
Ajuda a entender melhor a denúncia
de Ruffato assistir aos seis vídeos da entrevista que o Instituto Lula fez com
o historiador Luiz Felipe de Alencastro. O tema, “As relações do Brasil e
África desde a escravidão”.
Apesar do entusiasmo
equivocado do professor com a entrada do governo brasileiro no continente
africano, o depoimento vale por chacoalhar o senso comum. Por exemplo, o mito
de que o Brasil é produto da imigração europeia.
“Até 1850, entraram no Brasil
oito vezes mais africanos do que portugueses”, diz Alencastro. Por isso, o
historiador afirma que fomos mais “colonizados pelos negros” que por europeus.
Não no sentido da dominação, mas como influência cultural e de costumes.
Apesar disso, o evento de
Frankfurt tem apenas um escritor brasileiro negro entre os 70 selecionados. É
Paulo Lins, que considerou a seleção racista. Além dele, só o descendente de
índios, Daniel Munduruku.
Os organizadores da lista alegam
que o critério étnico não foi considerado. Isso mostra que o Brasil não é visto
como um país racista. Um lugar em que os não brancos têm condições de vida muito
piores e são muito mais desrespeitados. Sem falar na mortalidade bem mais
elevada.
Esta invisibilidade do racismo
é uma vitória da classe dominante brasileira. Ela garante que louvemos a colonização
genocida e desprezemos a cultural.
Veja a entrevista de
Alencastro, aqui
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