Em 26/10, O Globo publicou a
entrevista “Neurocientista põe em xeque o inconsciente de Freud”. Trata-se do
depoimento do físico Leonard Mlodinow, autor do best-seller “O andar do
bêbado”. Opondo-se ao que defenderia a psicanálise, ele afirma que “ninguém
conseguirá acessar seu inconsciente pensando e falando”. Nada surpreendente,
vindo de alguém formado em Física.
De qualquer maneira, Mlodinow
faz uma afirmação da qual é difícil discordar. Em relação ao preconceito, ele
diz:
Existem dois tipos de
preconceito: o deliberado, que hoje é menos prevalente, e o inconsciente. Neste
último tipo, a pessoa realmente acha que não é preconceituosa; há casos,
inclusive, em que ela pode até ser militante daquela causa. Mas testes detectam
que há preconceito. Estudos mostraram que mesmo negros acabam fazendo
associações raciais negativas inconscientes. Somos bombardeados por imagens
negativas e estereotipadas de mídias como TV, cinema e internet. E a nossa
mente inconsciente tende a generalizar para simplificar.
Muitos cientistas sociais
concordariam. Algo parecido foi dito, por exemplo, em um artigo do sociólogo Muniz
Sodré. Com o título “Diversidade e diferença”, o texto foi publicado na
“Revista Científica de Información y Comunicación”, em 2006, na Espanha. Um trecho
afirma:
Você vê alguém com um
turbante na cabeça e pensa que já sabe tudo sobre ele, que é, por exemplo,
árabe, logo, islamita, logo investido de determinada disposição frente ao
mundo. O racismo apresenta-se geralmente como esse “saber automático” sobre o
Outro. Os preconceitos funcionam assim na prática: valem para qualquer outra
forma diversa.
Saber automático. Eis uma das
principais bases da intolerância. E a grande mídia é uma de suas maiores
difusoras.
Leia também: O “Criança Esperança” e a pedagogia
do opressor
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