Em 08/09, Beatriz Borges publicou a reportagem
“Mais de 80 empresas colaboraram com a ditadura militar no Brasil” no jornal El
País. Trata de relatório da Comissão Nacional da Verdade, mostrando o
envolvimento empresarial em espionagem e delação de quase 300 de seus
trabalhadores durante o regime militar.
Entre os 297 nomes relacionados no levantamento
estão Paulo Okamotto, Jair Meneguelli, Vicentinho e Lula. Eram as principais
lideranças dos movimentos grevistas do final dos anos 1970. Todos dirigentes sindicais
democraticamente eleitos colocados sob a mira dos gorilas da ditadura por seus
patrões.
Não à toa, muita gente defende que se deve
caracterizar o regime implantado em 64 como uma ditadura empresarial-militar.
Em 10/09, o portal IHU-On Line publicou entrevista
com Gil Castello Branco, secretário-geral da ONG Contas Abertas. Ele afirma
categoricamente: “As empresas não votam, mas são elas que elegem”. E explica:
... os empresários, cada vez mais, não doam, mas
investem, ou seja, repassam recursos com a expectativa de ganhos futuros. Não é
apenas por espírito democrático que eles fazem doações, inclusive, a candidatos
adversários. Eles doam apenas com o intuito de manter uma boa relação com
qualquer um dos candidatos que seja eleito.
Diante disso, poderíamos dizer que vivemos sob uma
ditadura econômico-eleitoral.
Felizmente, há muitas diferenças entre um regime e
outro. O que assusta são as cambalhotas da História. Muitos dos que fizeram
parte da lista suja dos empresários, hoje ocupam o topo da política nacional. Seus
nomes passaram a figurar entre os beneficiários das doações eleitorais feitas
pelo grande capital. Passaram de uma lista à outra. De um lado da sujeira ao
outro.
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