Doses maiores

12 de janeiro de 2016

As sufragistas contra Mary Poppins

Quebrar vitrines, explodir caixas de correios, enfrentar desarmadas a repressão brutal da polícia inglesa, sofrer prisões ilegais e torturas. Era assim que as mulheres britânicas lutavam pelo direito ao voto no começo do século 20. E é isto o que mostra “As Sufragistas”, filme de Sarah Gavron, estrelado por Carey Mulligan e Helena Bonham Carter.

A primeira grande qualidade da obra é mostrar como um direito tão básico como o de votar teve que ser arrancado a ferro e fogo pelas mulheres. A produção também deixa claro que esta luta não era feita por madames, para quem a causa era mais um capricho.

A personagem principal é operária de uma lavanderia, onde ela e suas companheiras ganham menos e trabalham mais que os colegas homens. Também são comuns os casos de abusos sexuais cometidos por seus patrões e capatazes, além do desprezo machista com que são tratadas por seus maridos.

Trata-se de um quadro bastante diferente do que mostra um outro filme que aborda o sufragismo feminino, ainda que de forma ligeira. Quem não se lembra da patroa de Mary Poppins fazendo campanha pelo voto feminino de forma bastante caricata, aproveitando as muitas horas vagas de sua confortável vida?

É verdade que “As Sufragistas”, tem entre suas limitações, a pouca atenção dedicada às ligações do movimento sufragista com as lutas da classe operária da época. É o que mostra Sean Purdy em ótimo artigo, que pode ser acessado aqui.

Mas quem antes tinha que enfrentar a referência negativa da superprodução da Disney, já pode fazer bom uso da obra de Sarah Gavron.

Leia também: A humanidade, entre o deserto e as estrelas

2 comentários:

  1. Sergio, volcê anda na linha dos filmes da luta dos oprimidos britânicos. Primeiro Pride, agora este. Vamos ver este segundo. Abraço.

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  2. É isso aí, Marião. Vale a pena. Mas não espere o envolvimento que Pride provoca.
    Bração!

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