Esta semana, um milhão de chilenos foram às ruas contra seu
sistema privatizado de previdência. Nele, os trabalhadores contribuem com 10% de
seus salários, mas em vez do retorno de 70% prometido só recebem cerca de 35%.
Além disso, 90% das aposentadorias pagam apenas metade do salário mínimo.
No entanto, dinheiro não falta. São seis fundos de pensão
controlando juntos 143,5 bilhões de euros.
Nos anos 80, um comercial de bebida mostrava um
personagem se deparando com uma imagem de si mesmo, avisando: “Eu sou você
amanhã”. Para escapar da ressaca do dia seguinte, o segredo era beber a vodca
Orloff, dizia a propaganda. O slogan transformou-se no “efeito Orloff”, sinônimo
de coisas ruins que poderiam acontecer num futuro próximo.
Por exemplo, diante da crise econômica na Argentina,
muitos analistas e jornalistas avaliavam que o mesmo aconteceria no Brasil em breve.
“Eu sou você amanhã”, nos diriam os habitantes do país vizinho.
Pois bem, o sistema de pensões chileno foi criado em 1981
pela ditadura Pinochet. Incluía todos menos Forças Armadas, polícia e outros órgãos
de segurança, que ficaram com normas menos prejudiciais. Não demorou para que a
maioria dos chilenos passasse a amargar uma terrível ressaca.
No Brasil, várias reformas da previdência foram adotadas tendo
como modelo o sistema de Pinochet. De Collor a Fernando Henrique, dos governos
petistas aos atuais golpistas. Todos colaborando para que os trabalhadores brasileiros
sofram amanhã os males que atacam os chilenos hoje.
Diante disso tudo, nós é que deveríamos dizer aos lutadores
chilenos: “Queremos ser vocês hoje”. Uma ressaca brava como essa só dá pra curar
nas ruas.
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