Declaramos que a limitação da jornada
de trabalho é a condição prévia, sem a qual todas as demais aspirações de
emancipação sofrerão inevitavelmente um fracasso.
Esta frase é de 1866 e está no documento de fundação 1ª
Associação Internacional dos Trabalhadores. Seu autor foi Karl Marx, para quem
retomar o tempo que os patrões roubam dos trabalhadores sempre foi fundamental.
Desde então, lutas e sacrifícios de várias gerações de
explorados conseguiram reduzir a jornada de trabalho em grande parte do mundo.
No entanto, os capitalistas não brincam em serviço. Ao
contrário, somos nós que continuamos a servi-los até quando pensamos estar nos
divertindo. É o que constata, por exemplo, Renan Porto em artigo publicado no portal
UniNômade, em 27/07:
O capitalismo já
funciona (ou dis-funciona) 24 horas por dia, 7 dias por semana, colocando todo
o seu exército para trabalhar, sem qualquer reserva. Todo o tempo está a
serviço da produção, o lazer, o sono, a sexualidade. Inclusive quando buscamos
nos qualificar para trabalhar, já que hoje a formação é permanente e infinita.
Nossos próprios sonhos muitas vezes coincidem com os percursos do capital.
Para confirmar basta olhar para o que
muitos de nós fazemos nas horas vagas. É novamente Porto quem dá exemplos:
Netflix,
Hollywood, Facebook, Google, academias, lanchonetes e bares, marcas de bebida e
alimentos, empresas de tecnologia de comunicação, tudo isso para lucrar depende
de margens de liberdade e da produção das subjetividades. Precisam delas como o
vampiro precisa de sangue.
Enquanto não dermos atenção também a nossas necessidades subjetivas,
junto com o tempo, são nossas almas que o capital continuará a sugar.
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