Os defensores do Projeto Escola sem Partido alegam combater o ensino de temas considerados de esquerda. Mas basta observar algumas de suas afirmações
para verificar a enorme confusão que procuram fazer.
Um exemplo é o que afirma sobre o conceito de cidadania o
advogado Miguel Nagib, principal porta-voz do projeto. Em depoimento publicado
na revista da EPSJV/Fiocruz, em 06/04, ele
comentou uma pesquisa do Instituto CNT/Sensus em que 78%
dos professores consideram “formar cidadãos” sua principal missão. Segundo Nagib:
Esse “formar cidadãos” tem um
significado muito claro: a ideia é de você despertar o senso crítico para que
um estudante tenha uma visão política e crítica sobre a realidade. E todos
esses dados convergem no sentido de que isso efetivamente acontece.
Ou seja, o que deveria ser comemorado, o ilustre advogado
lamenta. Mas lamentável mesmo é que ele simplesmente ignore que “formar para o
exercício da cidadania” está previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional.
Por outro lado, Nagib tem toda razão em se preocupar. Afinal,
a esquerda realmente pode fazer um bom uso da educação para a cidadania em sua
luta por justiça social. Não se pode dizer o mesmo das forças de
extrema-direita em relação aos seus objetivos.
Mesmo a mais liberal das abordagens sobre cidadania pressupõe
uma igualdade pouco compatível com racismo, machismo, homofobia e outras formas
de discriminação e opressão tão caras às forças ultraconservadoras.
Ou seja, formar cidadãos só não combina mesmo com os
valores defendidos pelos partidos que estão por trás do projeto Escola Sem
Partido.
Escolas sem cidadania podem se tornar bons lugares para recrutar
fascistas.
Leia também: O espectro que nos ronda
Nenhum comentário:
Postar um comentário