O projeto Escola Sem Partido é pura desonestidade. A
começar por seu nome, que procura transformar seus opositores em defensores de
algo que não apoiam: o proselitismo político-partidário dentro das salas de
aula.
A pretensão do projeto é combater a presença de
qualquer ideologia nas escolas, seja de direita ou de
esquerda.
Norberto Bobbio (1909-2004) é um respeitado filósofo
italiano. Democrata liberal, sempre foi um crítico do marxismo. Em sua famosa obra
"Dicionário de Política", o verbete “Ideologia” é assim descrito:
Tanto na linguagem política prática,
como na linguagem filosófica, sociológica e político-científica, não existe
talvez nenhuma outra palavra que possa ser comparada à Ideologia pela
freqüência com a qual é empregada e, sobretudo, pela gama de significados
diferentes que lhe são atribuídos.
A publicação também afirma que por Ideologia, os
marxistas entendem “ideias e teorias que são socialmente determinadas pelas
relações de dominação entre as classes”. Portanto, queiramos ou não, estamos
sempre mergulhados em ideologia.
Segundo Gramsci, a ideologia dominante é formada por
uma maçaroca de concepções de mundo, misturando religião, filosofia, valores
tradicionais e modernos, crenças e preconceitos etc.
Mas toda essa confusão é conduzida de modo a levar à
aceitação da sociedade tal como ela é, com suas injustiças e desigualdades. É a
esta tarefa que se dedicam aparatos ideológicos como jornais, TVs, instituições
religiosas e estatais, incluindo as próprias escolas.
A escola não deve ensinar ideologias. Deve
desvendá-las. Mostrar seus condicionantes sociais e julgá-las segundo valores
como solidariedade, igualdade, respeito à diferença, democracia, justiça
social.
O contrário disso é querer impor o monopólio de apenas
algumas ideologias. Principalmente, as conservadoras.
Leia também: Escola sem Partido e sem Cidadania
recruta fascistas
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