Em 27/08, começou o 35º Congresso Internacional de
Geologia, na África do Sul. No maior evento dessa área científica, ganha força a
proposta de denominar “Antropoceno” a atual era geológica.
Segundo a tese mais aceita, essa fase geológica começou
no século 20, quando a humanidade teria passado a afetar o destino do planeta
tanto quanto placas tectônicas e vulcões.
Um exemplo nada tranquilizador desse poder
recém-adquirido seria a catástrofe nuclear ocorrida em 1986, em Chernobyl,
Ucrânia. Em 2012, o músico e pesquisador sonoro Peter Cusack lançou o livro “Sons de lugares perigosos”, que descreve a paisagem sonora predominante no lugar.
Os ruídos registrados indicam que há muitos pássaros e
outros animais circulando pela região. Mas, após 30 anos, a radiação continua a
impedir a presença humana. Por outro lado, assusta ouvir o zumbido permanente de
cabos de alta-tensão que não puderam ser desligados.
Mais recentemente, drones foram enviados para fazer imagens
de Chernobyl. São cenas deprimentes. Um parque de diversões entregue à
ferrugem, fábricas fantasmas, refeições interrompidas em mesas empoeiradas...
Mas não devemos temer apenas um apocalipse nuclear,
apesar de Fukushima e das cerca de 450 instalações atômicas espalhadas pelo
mundo. Trata-se das muitas escolhas desastrosas que fazemos há mais de um
século, incluindo as apostas soviética e chinesa no sujo desenvolvimento capitalista.
Largo uso de combustíveis fósseis, generosas doses de
agrotóxicos, grandes hidrelétricas criando lagos de gás metano, desmatamento
liberando novas doenças... O que não faltam no Antropoceno são alternativas do
tipo “Escolha a catástrofe”.
Não é difícil imaginar um planeta vazio de pessoas, enquanto
poderosos fios elétricos zumbem levando energia para ninguém.
Leia também: A humanidade no nível da
levedura de cerveja
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