Recentemente, foram divulgados
estudos que mostram que é falsa a ideia de que houve distribuição de renda na
última década no Brasil.
Um dos que já sabiam disso é Pedro Herculano de Souza, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Em entrevista concedida ao portal EPSJV/Fiocruz, ele afirmou:
Um dos que já sabiam disso é Pedro Herculano de Souza, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Em entrevista concedida ao portal EPSJV/Fiocruz, ele afirmou:
O período em que fomos menos desiguais foi entre 1942 e 1963, quando o 1% mais
rico chegou a abocanhar ‘apenas’ 17% da renda total. Isso foi uma exceção, já
que ao longo desses anos o centésimo mais rico deteve entre 20% e 25% de todos
os rendimentos brasileiros fatia que, desde 2006, está na casa dos 23%...
Mas a entrevista tem outra passagem interessante:
É importante lembrar que a maior parte do mundo era muito desigual nos séculos
18 e 19. Os países onde realmente a coisa mudou relativamente em pouco tempo
foram aqueles que passaram por catástrofes muito grandes. Notadamente, a
Primeira Guerra Mundial, a grande depressão de 1929 e a Segunda Guerra mudaram
radicalmente a distribuição de renda em vários países ricos. Países que, no
início do século 20, não eram tão diferentes do Brasil mas que, depois da
Segunda Guerra, já eram completamente diferentes.
Nosso grande desafio seria inventar um jeito pacífico, tranquilo, sem
catástrofe, de sermos o primeiro país a sair desse nível de desigualdade e
chegar a um nível civilizado. Eu não conheço exemplos assim. Em geral, acontece
alguma coisa muito errada que obriga uma distribuição de perdas. A necessidade
acaba forçando regras que impõem uma redistribuição e um conjunto de políticas
que nasce junto.
Assim caminha a humanidade. Sob o capitalismo.
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