“Onde os fracos não
têm vez” é o título do artigo de Eduardo Matos de Alencar, publicado no início do ano. Admirador de Olavo
de Carvalho, o autor é insuspeito ao avaliar que “Bolsonaro tem mais chances de
perder estofo quando as peças e engrenagens do sistema político começarem a
operar de maneira efetiva”.
São exatamente essas
peças e engrenagens o tema principal do texto de Alencar, que trabalhou para
várias prefeituras do Nordeste e foi gestor da implantação da “UPP Social” na
Rocinha, em 2012.
É dessa experiência
que ele retira evidências sobre o funcionamento do varejo da disputa de votos
que forma o atacadão conservador da política institucional em um país
extremamente desigual.
Sobre os eleitores
mais pobres, por exemplo, ele afirma:
Inúmeras
dessas pessoas podem até declarar, num primeiro momento, a preferência por A ou
B, mas a verdade é que quando a liderança comunitária, o vereador, o prefeito
da cidade ou o deputado da região acionarem os mecanismos para “pedir” votos
pelos seus aliados, acho bem difícil acreditar que as pessoas responderão
diferentemente do esperado
É esta “capilaridade”
que precisa ser dominada pelos que querem ter alguma chance no pesado jogo
eleitoral nacional. Um fator tanto mais importante quanto maior a desigualdade,
a pobreza, a ausência de serviços públicos. Elementos que jamais faltaram ao
País e alimentam o pragmatismo do “rouba, mas faz” há muitas décadas.
O texto também
descreve como o PT capitulou a essa lógica suja. E o pior é que não há como
discordar. Mas acima de tudo, indica que uma derrota de Bolsonaro não merece
necessariamente grandes comemorações.
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