...a constituição do governo Mussolini
não implicou de imediato a constituição de um regime fascista. Entre novembro
de 1922 e junho de 1926, a Itália tinha um governo liderado por um fascista –
tal como teremos no Brasil a partir de janeiro próximo – mas em uma condição de
transição na qual subsistiam determinadas liberdades. Neste contexto, Gramsci
ao longo de 1923 fundamentou a proposta de investir na articulação política
entre o operariado do Norte com o campesinato do Sul como caminho para efetivar
um processo revolucionário e derrotar o fascismo. Em abril de 1924, em eleições
que se realizaram ainda com certas condições de liberdade, Gramsci foi eleito
deputado e retornou à Itália para assumir seu mandato. Pouco depois de Gramsci
ter assumido como deputado, o deputado socialista Giacomo Matteoti foi assassinado
por fascistas logo após de ter proferido um discurso denunciando fraude
eleitoral e agravamento da violência política. Gramsci então defendeu que a
única alternativa de resistência seria a convocação imediata de uma greve
geral, rompendo com o imobilismo legalista e confrontando abertamente o governo
fascista. Sua posição não se impôs e a escalada repressiva seguiu seu curso,
até que ao longo de 1926 completou-se a reconfiguração do regime italiano e, em
novembro, Gramsci teve seu mandato cassado e sua prisão decretada. As estratégias
de apaziguamento e conciliação, a crença em que as instituições do Estado
seriam capazes de conter o fascismo ou que ele seria destruído pelos seus
próprios erros, acabavam, enfim, por produzir o resultado tantas vezes antecipado
por Gramsci.
Querido Sergio, é preocupante a semelhança do que se passou na Itália de Mussolini e a nossa expectativa para janeiro próximo! O mundo já viu esse filme!
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