Doses maiores

2 de maio de 2019

Trotsky e a crise na Venezuela

Citações costumam ser problemáticas. Os melhores teólogos cristãos, por exemplo, sabem que citar passagens bíblicas como se portassem toda a verdade pode ser perigosamente anticristão.

Isso vale para os devotos dos escritos marxistas também. Feitas essas ressalvas, talvez as palavras abaixo ofereçam algumas pistas para entender o que está acontecendo na Venezuela e como nos posicionar diante da terrível crise por que passa a classe trabalhadora daquele país:

Existe atualmente no Brasil um regime semifascista que qualquer revolucionário só pode encarar com ódio. Suponhamos, entretanto que, amanhã, a Inglaterra entre em conflito militar com o Brasil. Eu pergunto a você de que lado do conflito estará a classe operária? Eu responderia: nesse caso eu estaria do lado do Brasil "fascista" contra a Inglaterra "democrática". Por quê? Porque o conflito entre os dois países não será uma questão de democracia ou fascismo. Se a Inglaterra triunfasse ela colocaria um outro fascista no Rio de Janeiro e fortaleceria o controle sobre o Brasil. No caso contrário, se o Brasil triunfasse, isso daria um poderoso impulso à consciência nacional e democrática do país e levaria à derrubada da ditadura de Vargas. A derrota da Inglaterra, ao mesmo tempo, representaria um duro golpe para o imperialismo britânico e daria um grande impulso ao movimento revolucionário do proletariado inglês. É preciso não ter nada na cabeça para reduzir os antagonismos mundiais e os conflitos militares à luta entre o fascismo e a democracia. É preciso saber distinguir os exploradores, os escravagistas e os ladrões por trás de qualquer máscara que eles utilizem.


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