A Folha de S. Paulo está
publicando a série “Desigualdade global”, com números que evidenciam como a injustiça
social atinge tanto países centrais, como periféricos.
E um dos aspectos
destacados dos artigos são os efeitos políticos dessa situação. Em especial,
com a eleição de governos de extrema-direita.
É o caso de Bolsonaro, Trump,
Órban e Salvini. Figuras que usam valores ultraconservadores para explorar os ressentimentos
das chamadas classes médias, que viram seus ganhos derreterem nas últimas
décadas.
Foi nesse período que, segundo
dados do Banco Mundial, mais de um bilhão de pessoas teria deixado a pobreza
extrema no mundo todo.
Mas, desde a crise de
2009, aumentou a concentração de riqueza nas mãos do 0,001% mais rico do
planeta, cuja renda saltou 235% em 40 anos. Um fenômeno que teria ocorrido, principalmente,
às custas dos setores sociais intermediários.
Há quem lembre que, no Manifesto
Comunista, Marx e Engels afirmaram que a pequena-burguesia seria engolida pela
polarização entre burguesia e proletariado.
Na verdade, o Manifesto previa
a perda da importância econômica dessas classes intermediárias, não seu
desaparecimento. E isso vem se confirmando. Mas o papel de fiel da balança desses
setores na disputa política continua importante.
O problema é que, enquanto
a esquerda tentar atrair o apoio das classes médias moderando suas posições, a direita
faz o mesmo radicalizando as dela.
Com isso, a esquerda acaba
preservando o essencial da dominação da direita, enquanto a direita busca simplesmente
aniquilar a esquerda. Inclusive, fisicamente.
Muito difícil apresentar
respostas adequadas para essa situação. Mas o mais provável é que elas não envolvam
qualquer moderação ideológica por parte da esquerda.
Leia também: A
resistência dos explorados expande horizontes
Sergio, Ok em relação a radicalização e posições extremadas da classe média de direita, também acho que a classe média de esquerda não pode ceder, não pode moderar e tem que radicalizar mais suas posições. A frase final do texto não entendi direito: "Mas o mais provável é que elas não envolvam qualquer moderação ideológica por parte da esquerda.". "O mais provável" ou o mais desejável? Porque, ao meu ver, o mais provável, e o que já vem acontecendo, é que grande parte da esquerda já está envolvida e vem moderando suas posições. Algo que entendo até que diz acima no texto. Abraço.
ResponderExcluirEntão, Marião, pode ser que haja essa leitura mesmo, entre o mais provável e o necessário. Mas a frase foi no sentido de que seria o mais provável para uma "resposta adequada". A moderação serviria apenas para uma resposta não adequada. Ou seja, aquela que já temos e não serve. Enfim, acho que o texto também deixou as coisas meio subentendidas demais. Vou ver se em outras pílulas, melhoro o raciocínio.
ResponderExcluirBeijo
Concordo muito com o que você disse, se entendi bem!
ResponderExcluirAcho que a esquerda deve abandonar a via da moderação e radicalizar! O manifesto comunista, inclusive, é uma boa inspiração programática para nós, nesse momento!
Também gosto das contribuições que o Mészáros nos dá no capítulo 18 do Para Além do Capital, quando ele fala sobre a "ofensiva socialista" e sua atualidade, ou seja, sobre a necessidade de, nessa fase atual do sistema do capital, cada vez mais abandonarmos posturas defensivas e mostrarmos com radicalidade programática qual é a sociedade que de fato queremos construir...
Estamos sendo engolidos pela direita, e ainda sendo dirigidos por uma social democracia que, pra reformista, precisa melhorar muito...
Verdade, prezado Anezio.
ExcluirAbraço!