Não nos iludamos: desde sua ascensão
Bolsonaro não perdeu poder, ele se fortaleceu (...). O seu modus operandi não
está em defender alguma pauta específica, mas em produzir crise permanente. Em
conduzir a esquerda a jogar o seu jogo, a dialogar com o mito que representaria
o povo e não com o próprio povo.
O trecho acima pertence a um ótimo
artigo de Lincoln Secco, publicado em recente dossiê da revista Marxismo 21.
O texto cita a Conferência da Ação
Política Conservadora, realizada em outubro de 2019, em São Paulo. Participaram
do evento Eduardo Bolsonaro e o ministro da Educação. E este último proferiu
palestra na qual denunciou o papel fundamental de “empresários comunistas” na
sociedade brasileira e, ao mesmo tempo, sua associação com o... nazismo.
Esse é apenas um dentre os inúmeros
disparates declarados todos os dias por vários membros do governo. O que dizer
sobre eles, pergunta Secco:
Eles dialogaram com a consciência
fragmentada dos seus aderentes. Sua falsidade é verdadeira para eles?
Acreditavam os bolsonaristas na “mamadeira de piroca”? O riso que nós dedicamos
a essas bobagens os torna ridículos ou, pelo contrário, reforça nossa condição
de esnobes, petistas, ambientalistas, artistas, operários, funcionários
públicos, empresários, parasitas etc?
Estas são apenas algumas das muitas
questões que o historiador levanta, às quais só “movimentos coletivos
vinculados à prática” seriam capazes de responder. Mas, perguntaríamos nós, que
práticas seriam essas?
Certamente, não as que se acanham
nos limites do calendário eleitoral. Pois esta seria só mais uma forma de
continuar desperdiçando tempo e energias que muito dificilmente teremos como recuperar.
Para não falar das vidas perdidas.
Leia também:
Qual
democracia devemos defender contra BolsonaroA esquerda precisa olhar para os extremos (1)
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