Doses maiores

13 de dezembro de 2019

Qual democracia devemos defender contra Bolsonaro

O professor de filosofia Marcos Nobre é um dos analistas mais atentos ao terrível momento que estamos vivendo. Em seu mais recente artigo, por exemplo, ele afirma corretamente que:

Continuamos a subestimar o atual presidente e as chances que tem de realizar seu projeto autoritário. Como todo outsider que se preze, Bolsonaro age sempre como se estivesse acuado, encurralado. E acreditamos. Acreditamos que o presidente da República está sempre na defensiva, perdendo. O presidente da República!

Mas a conclusão mais acertada apresentada pelo texto é a seguinte: “O objetivo real de Bolsonaro é destruir a democracia”. E diante disso, diz ele, seria preciso formar uma ampla “concertação” que inclua todas as forças democráticas.

Nobre reconhece que uma proposta desse tipo certamente receberá o carimbo de “sistema”, dando razão à tática antissistema de Bolsonaro. Mas a considera melhor que as atuais respostas meramente defensivas. Para ele:

Uma concertação democrática como essa teria ao mesmo tempo de defender instituições indefensáveis na sua forma atual e propor uma renovação radical dessas mesmas instituições. Cada força política de oposição teria de ter garantido o espaço de fazer oposição à sua maneira e como bem entender, ao mesmo tempo que se perfilaria ao lado de todas as outras forças de defesa das instituições democráticas e de sua reforma.

O grande problema é que renovações radicais em direção à democracia jamais foram feitas no País. As poucas alterações democratizantes conquistadas na história nacional foram consequência de muita mobilização popular.

A questão que antecede toda essa discussão é saber qual democracia devemos defender. Só a partir daí, poderíamos identificar possíveis aliados.

Continua...

Leia também: Hora de mostrar quem são os comunistas

Um comentário:

  1. Nossa Sergio, essa discussão está pegando. Estou pensando, preciso elaborar melhor e colocar no papel uma discussão que anda acontecendo no campo da esquerda na consideração sobre esse governo. Ou seja, é puramente irracional ou tem uma lógica antissistema e outras. Telegraficamente, as duas. É um núcleo fundado na estupidez, ignorância, irracionalidade e outros; mas isso advém de uma lógica do capitalismo no seu estágio atual, onde reproduz esses valores de maneira "natural", nos quais a massa ignorante no sentido estrito do termo (Bolsonaro e outros fazem parte dela), os defendem e os reproduzem. Quanto a questão da democracia e qual nos interessa, aí são muitas Pílulas mesmo. Bjs.

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