“Árvores jovens
desejam crescer rápido”, diz Peter Wohlleben em seu livro “A Vida Secreta das
Árvores”. Mas suas “mães” não permitem: “cobrem as mudas com suas copas imensas
e, ajudadas por outras adultas, formam um teto denso sobre a floresta, deixando
passar apenas 3% da luz do sol”.
Essa quantidade de luz
é suficiente apenas para que as jovens não definhem. Parece cruel, mas trata-se
de uma medida pedagógica. Pesquisas indicam que “o crescimento lento das
árvores jovens é uma precondição para que elas alcancem uma idade avançada”.
Ao crescer devagar, as
células de sua madeira armazenam pouco ar e ficam minúsculas. Isso as torna
flexíveis e resistentes a rupturas em caso de tempestades. Além disso, e mais importante,
a ausência de ar nas células dificulta que fungos nocivos se espalhem pelo
tronco. Este mesmo fenômeno também permite à arvore tampar facilmente suas
feridas na casca, evitando pontos de apodrecimento.
É assim que faias jovens,
por exemplo, levarão mais de 200 anos para crescer. Nessa altura da vida arbórea,
a árvore materna tem uma copa com toneladas de peso e um tronco fragilizado
pela idade. Basta uma forte tempestade para que se quebre e venha ao chão. Nesse
momento, diz Wohlleben:
A
abertura que surge no dossel de folhas funciona como um sinal de largada para
as árvores jovens que sobrevivem à queda da mãe. Agora elas podem realizar a
fotossíntese a todo o vapor.
Este é apenas um
exemplo singelo de como algumas árvores educam sua descendência. Mas como mostram
as outras pílulas desta série, a pedagogia das árvores tem muito mais a nos
ensinar.
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