Doses maiores

15 de janeiro de 2020

Árvores também praticam assistência social

“A Vida Secreta das Árvores”, de Peter Wohlleben, fala sobre relações sociais entre os maiores membros de uma floresta.

O livro descreve, por exemplo, um estudo liderado por Vanessa Bursche, da Universidade Técnica da Renânia do Norte-Vestfália, na Alemanha.

Vanessa descobriu que no processo de fotossíntese em florestas de faias intocadas, “as árvores se sincronizam de tal forma que todas têm o mesmo rendimento”. Todas produzem a mesma quantidade de açúcar por folha.

Esse nivelamento acontece nas raízes, onde uma extensa rede de fungos funciona como “uma gigantesca redistribuidora de energia”. “Lembra um trabalho de assistência social tentando evitar que o abismo para os indivíduos desfavorecidos da sociedade cresça ainda mais”, diz Wohlleben.

Os problemas começam quando agricultores resolvem “ajudar” alguns indivíduos “livrando-os da suposta concorrência da mesma espécie”. A partir daí, é cada um por si. Surgem grandes diferenças de produtividade entre os membros. O resultado:

Quando os membros supostamente fracos desaparecem, os outros também saem perdendo. A floresta fica mais exposta e o sol quente e as tempestades de vento alcançam o solo, interferindo na umidade e na temperatura ideal. Mesmo as árvores fortes adoecem muitas vezes no decorrer da vida. Quando isso acontece, passam a precisar do auxílio das vizinhas mais fracas. Caso as árvores menores já tenham morrido, bastará um inofensivo ataque de insetos para selar o destino de árvores gigantescas.

Wohlleben conclui dizendo que um antigo ditado segundo o qual “A corrente tem a força de seu elo mais fraco” poderia muito bem ter sido criado pelas árvores. “Por intuição, diz ele, elas ajudam umas às outras de maneira incondicional”.

Leia também: A solidariedade das árvores e a solidão humana

2 comentários:

  1. Amigo, vc começou o ano eclético: neurociência, naturalismo, biologia etc. Sei que gosta de tudo isso, mas fico pensando se não tem um viés de olhar para outro lado que não o da política por motivos óbvios. Bjs

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    1. Sim, mano véio. Olhando para outro lado, mas mantendo as preocupações de sempre.
      Beijo

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