“É uma guerra”, dizem Trump, Merkel, Macron. A utilização dessa metáfora para se referir à pandemia do coronavírus-19 vem sendo criticada com razão por muitas vozes sensatas.
A guerra contra as drogas veio para abater pobres e pretos. Na mira da guerra contra a AIDS estão os homossexuais. A guerra contra o terrorismo volta-se contra os muçulmanos.
Mas, na realidade, qualquer guerra raramente é justa. Por isso fomos contra a guerra do Iraque e do Vietnã. E muito antes disso, organizações de trabalhadores no mundo todo se opuseram à Primeira Guerra: “Paz entre nós, guerra aos patrões”.
Portanto, não há problema em aceitar a metáfora bélica, desde que saibamos que guerras, em geral, colocam lado a lado tanto combatentes sinceros como traidores. O objetivo pode até ser aniquilar o inimigo, mas os generais dos dois lados sempre utilizam os de baixo como bucha-de-canhão.
Na Primeira Guerra, os bolcheviques se opuseram firmemente ao conflito. Mas iniciada a participação russa e obrigados a pegar em armas, eles conquistaram muitos soldados para a revolução enquanto lutavam nas trincheiras.
A verdade é que já estamos em guerra. E já estão usando a maioria de nós como bucha-de-canhão. Diante disso, é preciso fazer como os bolcheviques. Nos juntarmos aos que já estão na luta.
As entidades populares e de esquerda precisam construir uma rede independente de solidariedade e apoio à população. Precisamos formar comitês coordenados e sob orientação dos trabalhadores da saúde pública.
Estas serão as únicas trincheiras possíveis, a partir das quais poderemos combater tanto as loucuras do capitão sociopata como a perversidade de comandantes como Witzel, Doria e Zema.
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