O que é um videogame, pergunta Jamie Woodcock em seu livro “Marx no Fliperama”.
Segundo ele, seria um meio dinâmico que envolve um conflito estruturado em
busca de um objetivo através de um “aparato audiovisual”. Tais características
o diferenciam dos outros jogos, assim como de outras formas de arte ou cultura,
tendo se tornado um fenômeno de massa.
O autor também lembra o que disse o sociólogo francês
Roger Caillois, segundo o qual, jogos "não criam riqueza ou bens,
diferindo assim do trabalho ou da arte." Neste processo, Caillois
argumenta, “nada foi colhido ou fabricado, nenhuma obra-prima foi criada,
nenhum capital foi acumulado. Brincar é uma ocasião de puro desperdício: perda
de tempo, energia, engenhosidade, habilidade e, muitas vezes, dinheiro para a
compra de equipamentos necessários e, eventualmente, para pagar o
estabelecimento.”
Adaptando essa ideia de Caillois para o pensamento de Marx, Woodcock entende
que o jogo pode ser um meio para que seus participantes deixem de ser
trabalhadores por um tempo limitado, tornando-se, de forma lúdica, algo mais do
que escravos dos limites do capitalismo”.
Por um momento, diz ele, é possível não ser mais um trabalhador, mas alguém
livre para explorar novos mundos fora do trabalho penoso imposto pelo
capitalismo. Um espaço de experimentação, descobertas e também de recuperação
das energias exauridas pela exploração capitalista.
Mas será que a esfera dos jogos também poderia possibilitar uma atividade
lúdica anticapitalista? Woodcock não só afirma que sim, como dá alguns exemplos
muito interessantes. Entre eles, quem diria, o famoso “Banco Imobiliário”, que foi
criado para denunciar os monopólios. É o que veremos na próxima etapa.
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