Segundo conta Tristram Hunt, em seu livro “Comunista de Casaca”, Engels levou por muitos anos uma vida dupla.
De dia, era o respeitável Dr. Jekyll, magnata do algodão. À noite, o temível Sr. Hyde, socialista revolucionário. Sem falar na relação conjugal secreta com a operária Mary Burns, que jamais seria aceita pela família dele.
Equilibrar toda essa duplicidade era exaustivo. Mas Engels também tinha suas válvulas de escape. Uma delas era a caça à raposa. Prática favorita da aristocracia de Manchester a que Engels se dedicava com paixão.
Ele tentava justificar seu hobby em bases revolucionárias, dizendo que se tratava da “melhor escola de todas" para a guerra. Chegou a dizer que a cavalaria britânica devia sua rapidez e habilidade às frequentes perseguições ao pobre canídeo. Mas o que claramente agradava Engels era a emoção da perseguição: "Esse tipo de coisa sempre me mantém em um estado de excitação diabólica por vários dias. É o maior prazer físico que conheço”, escreveu ele.
Além da caçada, a agenda de Engels vivia lotada de palestras, jantares e concertos. Eventos a que devia comparecer para disfarçar sua condição de financiador de atividades revolucionárias e inúmeros militantes comunistas.
Mas uma queixa frequente de Engels era o provincianismo de Manchester. “Nos últimos seis meses, não tive a oportunidade de usar meu famoso dom para preparar salada de lagosta", escreveu, lamentando-se a Marx.
Assim mesmo, entre sua vida conjugal secreta, a administração da empresa familiar, banquetes, bebedeiras e caças à raposa, Engels ainda conseguiu dar algumas contribuições fundamentais para a luta revolucionária. Entre elas, a fundação do "materialismo histórico", junto com Marx.
Leia também: A aliança involuntária entre Engels pai e Mary Burns
Os bastidores são reveladores! Engels precisou ser dialético na própria estratégia de lutas de burguês/revolucionário.
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