Em 1843, o pai de Engels o enviou para trabalhar na empresa da família, em Manchester, Inglaterra. O objetivo era mantê-lo distante das agitações plebeias em que vivia se metendo.
Mas não foi uma boa ideia mandar Engels para um dos maiores centros capitalistas do mundo. Principalmente, porque chegando lá ele se apaixonaria pela operária irlandesa Mary Burns.
Como diz Tristram Hunt, em “Comunista de Casaca”, foi ela que o guiou pelo mundo subterrâneo do operariado de Manchester. Não fosse por Mary, um burguês como Engels jamais teria conhecido o cotidiano dos operários nem frequentaria seus espaços de convivência.
Com pouca educação formal, mas muito inteligente, corajosa e socialista convicta, Mary convivia com a família Marx e participava dos debates políticos nos círculos de esquerda da época.
Viveram juntos por vinte anos, até a morte dela. Jamais se casaram por ser oporem à instituição matrimonial. Além disso, a relação permaneceu clandestina porque a família de Engels jamais aceitaria.
Durou mais de 20 anos o calvário de Engels no papel de capitalista. Mas foi fundamental para ajudar financeiramente a família Marx e muitos militantes e organizações comunistas.
Além disso, a experiência permitiu-lhe escrever “A situação da classe trabalhadora na Inglaterra”, obra brilhante e pioneira sobre a questão urbana. Antes disso, Engels já havia publicado o artigo “Esboço de uma crítica da economia política”, que despertou a atenção de Marx para a importância da dimensão econômica na luta contra as injustiças sociais.
Involuntariamente, o pai de Engels auxiliou a nora que ele jamais conheceu a contribuir para a criação de uma das mais poderosas tradições revolucionárias da história.
Leia também: Engels, porra louca
Nenhum comentário:
Postar um comentário