...pactuava a reestabilização do sistema político com as forças à sua direita; com a outra, chantageava a esquerda acusando tudo que não fosse apoio incondicional de “fazer o jogo” da oposição. O objetivo dessa operação de fechamento do espaço que havia sido aberto era claro: reconduzir a realidade pós-2013 às coordenadas políticas que Junho embaralhara, forçando o retorno a uma situação em que a única polarização existente, logo a única escolha possível, era entre o PT e os partidos tradicionais de direita.
Segundo Nunes, essa estratégia continha dois grandes erros: “associar ainda mais a imagem do partido ao establishment e deixar a pista livre para que a extrema direita se apresentasse como legítima depositária dos desejos antissistema”.
“Desse modo, continua ele, o impeachment foi a expressão de uma polarização assimétrica entre uma oposição rumando para a direita e um PT cada vez mais alinhado ao centro. Tal polarização acabou distorcendo e falseando o real antagonismo entre a elite econômica, que se preparava para transferir os custos da crise integralmente aos mais pobres, e uma classe trabalhadora cujos interesses não eram defendidos naquele momento por ninguém”.
E conclui:
Dilma não caiu por prometer medidas radicais, mas porque a elite viu na conjunção da crise econômica com a desmoralização do PT uma oportunidade histórica para “recontratar” o “contrato social da redemocratização” unilateralmente, sem precisar negociar com a esquerda, os movimentos sociais ou a classe trabalhadora.
Difícil discordar.
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Concordo com tudo
ResponderExcluirOlá. 2013 foi, com todos os problemas que fez apontar para o partido instituído no comando central do país, também uma oportunidade de ele se aliar à vontade popular. 2013 levantou a bola. Mas o único que se ouviu foi "Levem-me a seu líder", o que remete à piadas sobre ETs chegando à Terra.
ResponderExcluirMuito bom
ResponderExcluirValeu
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