Assim como o chavão “dialogar com o centro”, “radicalizar” em abstrato tampouco quer dizer grande coisa. O mais provável é que acabe significando apenas a radicalização da própria identidade.
Ser politicamente radical é ser radical em relação a uma situação concreta. Não é demarcar uma posição independentemente de qualquer contexto, mas descobrir aqui e agora qual é a posição mais transformadora capaz de conquistar um máximo de adesão e produzir os maiores efeitos. De maneira que, num momento futuro, objetivos maiores e melhores sejam possíveis.
Por outro lado, se uma quantidade crescente de pessoas vem assumindo posições que antes seriam tidas como “extremas”, sejam à direita ou à esquerda, é em primeiro lugar porque o “centro” não consegue mais convencê-las de que tem condições de manter suas promessas. É por isso que o meio-termo entre neoliberalismo conservador e neoliberalismo progressista perdeu sua aura de ponto de equilíbrio.
Os parágrafos acima foram retirados do livro “Do transe à vertigem”, de Rodrigo Nunes. Nele, o autor procura discutir um momento da história humana que pode deixar no chinelo a famosa “Era dos Extremos”, de Eric Hobsbawm.
Afinal, o que dizer de um período em que as figuras de maior destaque e poder são gente como Bolsonaro, Trump, Putin, Johnson e Orban, entre outros?
Tal situação, diz Nunes, mostra que a maioria das vozes que, hoje, se dizem “realistas” repetem dogmas de uma realidade que sequer existe mais.
Nesse cenário extremado, a moderação de Lula pode ser tão decisiva para sua vitória quanto um fator fortemente limitante para seu governo. Já uma derrota seria igualmente decisiva, mas completamente desastrosa.
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Muito boa as colocações dessa postagem. A era do extremo e da radicalização está na mão da extrema direita. Quando é citada em relação à esquerda serve para conter. Serginho, acho que aprendemos no início da nossa militância política, pelo Genoino mesmo, que a palavra radical tinha o sentido de atacar a raiz dos problemas. Sabemos que a extrema direita se acha radical, não para atacar a raiz dos problemas, mas para estender o problema do capital, com todos seus desdobramentos que conhecemos bem. Se já no passado uma luta por essa palavra tinha uma dificuldade enorme, hoje em dia ficou mais ainda. A direita disputou e continua disputando muito essa palavra (acho que não preciso explicar que não é só a palavra), e somou a ela a sua vertente mais nefasta para creditar à esquerda um mesmo lugar. E a esquerda mais visível hoje foge dela como se fugisse da cruz (ops! falei em cruz, desculpa). Difícil explicar para nós? Sim, imagina para o povo todo.
ResponderExcluirÉ isso. Só acho que a extrema-direita também pode ser radical no sentido original. Afinal, ela muitas vezes defende coisas que têm a ver mais com a lógica do capital do que
Excluiros liberais ou social-democratas. Por exemplo, a lei dos mais fortes, a competição econômica a qualquer custo, a superioridade de classe e raça. Esse tipo de defesa está bem mais perto do que é a realidade capitalista do que admitem os ideólogos da alta burguesia.
Poderíamos dizer que ela é "mais verdadeira", ou seja, que expõe sem maiores retóricas a lógica do capital?
ExcluirIsso, sem respostas moderadas
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