Nas últimas semanas, a grande imprensa vem dando voz a uma entidade chamada “mercado”, que estaria muito nervoso. Na verdade, trata-se do grande capital, que exige de Lula um compromisso selado com sangue de irrestrita fidelidade à responsabilidade fiscal.
Responsabilidade fiscal nada mais é que o desvio de enormes montantes de recursos públicos para o pagamento dos juros da dívida interna. Os beneficiários desse pagamento são capitalistas, detentores de títulos da dívida pública. E não se trata apenas de banqueiros, mas dos grandes empresários em geral, tanto nativos como estrangeiros.
Enquanto isso, a enorme maioria pobre da população vê seus direitos desrespeitados ou eliminados e programas sociais fundamentais para garantir o mínimo de dignidade para milhões de pessoas amargam a mais extrema penúria. Tantas perdas humanas apenas para honrar uma dívida que já foi paga várias vezes, sem que jamais tenha diminuído.
Na mitologia grega, um sujeito chamado Procusto costumava deitar suas vítimas numa cama. Se o coitado fosse maior que o leito, decepava-se o que ficava sobrando.
É nesse leito cruento que o grande capital está querendo meter o governo Lula. Com a diferença de que mesmo que o encaixe entre a cama fiscal e o orçamento público fique do tamanho exigido pelo poder econômico, continua sendo grande o risco de graves mutilações.
Afinal, não nos esqueçamos que Dilma aceitou as imposições desse mesmo Procusto fiscal, em 2015. Na época, ela delegou ao neoliberal Joaquim Levy a tarefa de conferir as medidas do catre a ser ocupado. O resultado todos testemunhamos. Foi um verdadeiro esquartejamento transmitido ao vivo, em cores e aos berros.
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