Doses maiores

5 de janeiro de 2011

A cama de Dilma

Na mitologia grega, há um sujeito mau chamado Procusto. Tinha a péssima mania de deitar suas vítimas numa cama. Se o coitado fosse maior que o leito, decepava-se o que ficava sobrando. Se fosse menor, seus membros eram esticados até que arrebentasse.

A cama que Lula preparou para Dilma parece estar bem arrumadinha. A falta de carisma e malícia política da presidenta seria compensada pelo enorme apoio parlamentar. São 366 deputados e 52 senadores. O problema não é o tamanho dessa base.

É verdade que o PT fez a maior bancada na Câmara. E no Senado, só perde para o PMDB. Mas, o restante da base vai cobrar caro por fidelidade. Afinal, o que esperar de partidos do calibre de PMDB, PP, PR, PTB e PSC? Uma bancada dessa qualidade não permite nem mesmo propor medidas ousadas. Aquelas que Lula jamais apresentou.

Reforma agrária pra valer. Reforma tributária que atinja o patrimônio dos ricos. Reforma do Estado que inaugure a prestação de verdadeiros serviços públicos. Auditoria e fim do pagamento da imensa dívida pública. Nada disso combina com a grande maioria dos parlamentares governistas. Inclusive, os petistas. O deputado Cândido Vacarezza, por exemplo, acaba de apresentar projeto que beneficia a multinacional Monsanto.

Ou seja, a cama de Dilma só está preparada para receber um tipo de ocupante. Aqueles que representam as dimensões nanicas da elite exploradora. Tão pequena quanto é gigantesca sua riqueza. Em relação aos interesses dos pobres e explorados, continuarão a receber o tratamento adotado pelo cruel Procusto.

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