“ChatGPT não é 'inteligência artificial'. É roubo”. Este é o título de um artigo de Jim McDermott, recentemente publicado. Ele é escritor e, como roteirista de cinema, está envolvido na atual greve da categoria em Los Angeles.
Uma das questões da paralisação, afirma ele, é se os estúdios e as redes devem ter permissão para usar programas como o ChatGPT para criar esboços ou roteiros completos, que os escritores simplesmente reescreveriam ou revisariam.
Para McDermott, o famoso aplicativo não passa de uma forma muito complexa do tipo de previsão de texto que você encontra usando o Gmail ou o Google docs. Assim, enquanto os documentos do Google podem sugerir o restante de uma frase quando você começa a digitar a primeira palavra, o ChatGPT tem tantos dados à sua disposição que pode sugerir um parágrafo ou uma redação inteira.
Para o articulista, ao chamar esses programas de “inteligência artificial”, “concedemos a eles uma reivindicação de autoria que é simplesmente falsa”. Cada um desses elos usados por programas como o ChatGPT, continua ele, representa um minúsculo pedaço de material criado por outra pessoa.
Por isso, o autor compara esse tipo de aplicativo a uma espécie de desmanche, no qual o material roubado de seus criadores é cortado em partes tão pequenas que ninguém pode rastreá-las e, em seguida, reaproveitado para formar novos produtos.
Assim, conclui McDermott, o ChatGPT e seus semelhantes são a forma mais elevada de separar os trabalhadores do fruto de seu trabalho. Verdade. Mas esta é uma das características fundantes do atual sistema social.
Não é inteligência. É a velha esperteza gatuna do capitalismo.
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Perfeito, acho que a explicação é a mesma que tenho da inteligência artificial: uma versão mais sofisticada do auto completar que existe em um monte de aplicativos. O que não tinha pensado é sobre a questão do roubo como sendo a copia de quem já pensou e escreveu sobre. Agora fiquei na dúvida, nós também reproduzimos sobre algo lido, não diretamente, mas com mil elaborações misturadas com a vida concreta que levamos. Isso não é cópia, a IA é. Algo como o que fazem alguns estudantes que copiam literalmente vários textos de outros lugares para suas teses, e são justamente bloqueados pela banca. Isso, acho que essa cópia não deveria ser aceita como as teses. Fui pensando e escrevendo, deu para perceber, mas achei mais humano e resolvi deixar assim. Mais uma coisa, sim, é mais uma etapa do capitalismo distanciar os trabalhadores do produto do seu trabalho, roubando o que já foi produzido sem pagar nada em troca. É o velho roubo capitalista com a velha cara de modernidade.
ResponderExcluirTem que pensar muito sobre isso porque esses desdobramentos são muito contraditórios. Eles também apontam pra uma situação de diluição da autoria, das patentes, da propriedade intelectual, etc, no contexto de uma sociedade pautada pela produção solidária, comunitária...
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