24 séculos atrás, no quinto livro da “República”, Platão colocou na boca de Sócrates a seguinte passagem:
É necessário (...) que as relações sexuais sejam o mais possível frequentes entre as pessoas de elite de ambos os sexos e o mais possível raras entre as pessoas inferiores. Além disso, é necessário cuidar dos filhos dos primeiros e educá-los, mas não dos segundos, se quisermos garantir a excelência do rebanho.
O trecho acima está no livro “Labirintos do Fascismo”, de João Bernardo, no capítulo dedicado à eugenia. O autor acha importante lembrar os ensinamentos de Platão, dada “a enorme importância que os estudos filosóficos tiveram nas escolas médias e superiores ocidentais”.
É desse modo que, durante o século 19 e início do século 20, as medidas introduzidas pela eugenia faziam parte do horizonte ideológico da classe dominante, justificadas por Platão, considerado pela cultura burguesa como o pai de toda a filosofia. Em especial, na nação cuja maior patologia é acreditar ser destinada a dominar o mundo.
Em 1911, foi criado um comitê especial nos Estados Unidos, cujo objetivo era defender a eliminação de dez grupos populacionais: “retardados mentais, indigentes, alcoólicos, criminosos, epiléticos, loucos, os fisicamente débeis, os predispostos a certa doenças, aleijados e, finalmente, os portadores de deficiências como cegueira e surdez”.
Várias figuras conceituadas no meio científico norte-americano consideravam que o pauperismo era congênito e podia ser transmitido hereditariamente. Ao mesmo tempo em que se acreditava na existência de ligações genéticas entre epilepsia e pobreza e deficiência mental.
Eis aí mais nomes de prestígio utilizados para colocar em prática os ensinamentos nada saudáveis da eugenia.
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