Quando comparamos algo velho e algo novo – como um livro e um tablet, ou uma freira sentada ao pé de uma adolescente que está a falar num chat no metrô –, acreditamos que o novo tem mais futuro. Na verdade, acontece o contrário. Quantos mais anos leva um objeto ou um hábito entre nós, mais futuro tem. O mais novo, em média, perece antes. É mais provável que no século 22 existam freiras e livros do que WhatsApp e tablets. No futuro haverá cadeiras e mesas, mas telas de plasma ou celulares talvez não. Continuaremos a celebrar com festas o solstício de inverno quando já tivermos deixado de torrar com os raios ultravioletas. (...) Muitas tendências que nos parecem inquestionáveis – desde o consumismo desenfreado até às redes sociais – abrandarão. E velhas tradições que nos acompanham há muitos anos – desde a música até à procura da espiritualidade
– nunca partirão
(...)
Não subsistem tantos artefatos milenares entre nós. São sobreviventes difíceis de desalojar (a roda, a cadeira, a colher, a tesoura, o copo, o martelo, o livro…). Há algo no seu design básico e na sua depurada simplicidade que já não admite melhorias radicais.
(...)
Por isso, perante a catarata de previsões apocalípticas sobre o futuro do livro, eu digo: um pouco de respeito.
Só uma observação. Um pouco, não. Muito. Porque respeito aos livros nunca é demais.
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Sabe que essa questão que ela levanta, sem pensar muito (são boas coisas assim porque a gente fica meio desarmado para a controvérsia), tendo a não concordar completamente. É claro que a primeira invenção humana vai existir e vai ser preservada em muitas outras roupagens. Pensa no primeiro tacape, A partir dele foram construídas enxadas, picaretas, taco de beisebol e muitas outras coisas. Todos esses também até hoje existem. Pense no avião, trem e outros meios de transportes que vão continuar existindo apesar de serem inventos de uma época já bem antiga. Foram substituídos, por modelos mais modernos e aprimorados, mas continuam sendo o que eram. Vamos aos meios que serviram para registrar o pensamento humano. Nossa, quantos deixaram simplesmente de existir, embora vc possa ainda registrar numa caverna seus desenhos. Mesmo esse modelo que temos ainda bastante em papel que se chama livro, como ela mesmo mostra no livro dela, muitos deles deixaram de existir, como as tábuas, pergaminhos e outros. Claro que vc pode, assim como fazer desenho na caverna, registrar seus pensamentos nesses meios, só que não tem mais sentido. Cartas pessoais ainda existem, mas praticamente não as usamos mais. Disco em vinil acho que foi a primeira invenção para registrar o som mais popularmente, mas, só por paixão nostálgica, não existe mais. O livro vai continuar existindo, só que a tendência de ter ele em papel como conhecemos hoje, vai demorar, mas vai acabar. O mais importante não é ter apego ao meio (embora adore o cheiro do papel e o volume tátil que ele faz nas minhas mãos), mas ao abstrato que ele contém, que é o pensamento humano. Nossa, muita coisa para pensar, e perdi o meu pouco pensamento que tinha sobre o que ela argumenta, escrevendo o que escrevi e principalmente pensei.
ResponderExcluirConcordo plenamente. Não tenho apego ao meio também. Ás vezes, parece até um tipo de fetichismo material. Além disso, acho que nem todo livro merece respeito, como é o caso óbvio do Mein Kempf. Mas pra não ser chato de novo com a bela obra, deixei pra lá.
ExcluirConcordo
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