Começou hoje o julgamento pelo STF dos golpistas de 8 de janeiro. Naquela data, as sedes dos três poderes em Brasília foram invadidas por fascistas que defendiam uma intervenção militar para depor o governo Lula.
Marx popularizou a ideia de que a história se repete primeiro como tragédia, depois como farsa.
Seguindo essa lógica, o tribunal que se instalou hoje poderia ter como causa a ser julgada apenas uma comédia tosca, encenada por bolsonaristas que tentaram repetir o trágico golpe de 1964.
Ou será que o Supremo poderia redimir o embuste sinistro produzido pela lei da anistia aprovada no final dos anos 1970? Aquela que assegurou impunidade aos assassinos e torturadores a serviço de uma ditadura que, naquele momento, começava a se recolher aos bastidores.
Mais de 40 anos depois, os togados da mais alta corte estariam prontos a levar a julgamento não apenas os golpistas patéticos de agora, mas também aqueles que, outrora, ficaram livres para voltar a cometer suas tenebrosas transações?
Ocorre que da mesma forma que Marx falava da famosa alternância histórica entre drama e comédia em termos puramente metafóricos, não há nada de caricato ou burlesco em todo esse processo.
Muitos dos que, hoje, deveriam ter amanhecido sentados no banco dos réus ocupam tranquilamente tribunas e gabinetes parlamentares e cargos no próprio governo que foi ameaçado de deposição.
Sem falar que na mesma corte cujas dependências foram depredadas pelos golpistas sentam dois juízes que se opuseram ao indiciamento dos responsáveis pelo vandalismo.
Enquanto isso, os porões das casernas continuam a reproduzir e chocar seus ovos de serpentes. Graça, nenhuma. Só desgraça persistente.
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Excelente!
ResponderExcluirObrigado
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