Em 02/12/2023, o presidente da COP28 anunciou várias promessas para investimentos em energia renovável. A principal delas pretende triplicar a capacidade instalada global desse tipo de recurso até 2030. Mas, como no mundo dominado pelo capitalismo sempre tem um “mas”, a eliminação de novos investimentos em combustíveis fósseis ficou fora do texto.
O filósofo e escritor Airton Krenak costuma dizer que não adianta nada adotar fontes renováveis de energia se elas não substituírem recursos energéticos mais sujos, como petróleo, carvão e gás.
Fontes sustentáveis de energia não anulam os estragos sociais e ambientais. Apenas diminuem seu impacto. Enquanto não tomarem o lugar das fontes mais poluentes, acrescentarão novos problemas aos antigos. Além disso, é preciso considerar o caráter monopolista que assume a quase totalidade dos empreendimentos capitalistas na atualidade.
Vejamos o exemplo da energia eólica. Segundo um artigo publicado pelo portal ClimaInfo, empresas desse setor controlam pelo menos 262 mil hectares no Rio Grande do Norte, atualmente. Isso representa 5% da área do estado ou quase duas vezes o tamanho da capital paulistana. Metade disso está sob controle de 27 empresas sediadas aqui e a outra metade, com 19 companhias estrangeiras. “São os latifundiários dos ventos”, diz o texto.
Enquanto isso, os pequenos proprietários que arrendaram suas terras para as instalações eólicas viram seus rendimentos despencarem. Até porque estão impedidos por cláusulas contratuais de cultivar ou criar animais para não interferir na captação do vento.
Este é só um exemplo a mostrar como o verde das energias alternativas capitalistas restringe-se à cor do dinheiro que geram, tornando sustentáveis apenas os enormes lucros de uma minoria exploradora.
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