O livro “Midwives of the Revolution (Parteiras da Revolução)”, de Jane McDermid, relata a participação das trabalhadoras russas no processo revolucionário de 1917.
Mas se entendermos as parteiras da revolução como agentes imprescindíveis tanto na preparação do parto como no nascimento de uma nova ordem, elas estão presentes em vários momentos da história. Às vezes, atuam discretamente, mas sempre de forma persistente e decisiva.
Sanité Bélair era uma delas. Nascida em 1781, foi uma das poucas mulheres a integrar o exército de Toussaint Louverture, consagrando-se como grande combatente da luta revolucionária que livrou o Haiti tanto da domínio colonial como da escravidão. Um fenômeno raro nas lutas anticoloniais, que costumavam defender as liberdades sem abolir o trabalho servil.
Em 1791, Sanité liderou uma rebelião de escravizados ao lado de Charles Bélair, que se tornaria general das tropas revolucionárias e com quem ela se casaria. A seu lado, Sanité chegou ao posto de tenente, combatendo as forças coloniais francesas com tanta bravura e determinação que passou a ser chamada de “Tigresa” por seus companheiros de armas.
Quando Sanité foi capturada pelos franceses em 1802, Charles Bélair entregou-se aos inimigos para juntar-se a ela na prisão. Foram executados um ao lado do outro. Pouco antes de morrer fuzilada, Sanité teria gritado “Viva a liberdade, abaixo à escravidão!”
Assim são as parteiras que não só preparam o nascimento das revoluções como as acompanham em seus primeiros momentos. E nem os erros e frustrações tão frequentes nos processos revolucionários as impedem de persistir em seus esforços para trazer à luz novos momentos emancipatórios.
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Que bela história.
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