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25 de maio de 2024

As mulheres bolcheviques e o machismo bolchevique

Em seu livro “Parteiras da Revolução”, Jane McDermid lembra que, embora seu ideal de militante revolucionário fosse o homem operário da grande indústria, os bolcheviques foram os primeiros a notar o surgimento da combatividade proletária em setores como o de serviços. Entre estes, se destacavam as mulheres empregadas em lavanderias. Foi assim que uma das principais organizadoras bolcheviques, Alexandra Kollontai, passou a concentrar grande parte do seu esforço no trabalho junto a elas.

Outra notável militante bolchevique foi Sofia Goncharskaia, que nasceu em uma família de mineiros de carvão. Tendo sido exilada no período posterior à Revolução de 1905, ela regressou a Petrogrado depois da Revolução de Fevereiro de 1917, assumindo a tarefa de organizar as lavadeiras. Percorreu as principais lavanderias da cidade, buscando convencendo suas trabalhadoras a aderir à greve de maio daquele ano, importante marco da resistência proletária ao governo provisório.

Anastasia Deviatkina foi mais uma militante bolchevique valorosa, desempenhando papel fundamental na organização das esposas dos combatentes russos, desde o início da Primeira Guerra. Um trabalho que levaria à criação de uma aguerrida associação de esposas de soldados, após o levante de fevereiro de 1917.

A intervenção das militantes bolcheviques e de outras organizações de esquerda foi essencial também em setores com maioria feminina, como as tecelãs.

O fato é que por melhores que fossem as intenções dos militantes homens, seu comportamento em relação às trabalhadoras muitas vezes refletia o tratamento desrespeitoso que elas recebiam dos capatazes e patrões.

A participação das trabalhadoras foi decisiva para a vitória em 1917, mas não aconteceu graças aos homens bolcheviques. Aconteceu apesar deles.

Leia também: Parteiras da revolução: as irmãs Ulianova

2 comentários:

  1. É, bem isso. A gente teve atração por uns (no masculino mesmo) muito em decorrência da nossa educação comunista, embora na nossa época já começasse o despertar para as mulheres revolucionárias. O exemplo que dá dessa Anastasia Deviatkina (mais uma que nunca ouvi falar) é aquela frase de brincadeira que usamos: "é bom mas é ruim", legal o papel que desempenhou na revolução, mas de retaguarda, algo similar o que as mulheres fazem até hoje em dia.

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  2. Vanguarda só pode ser eficiente se existir uma retaguarda. Algo que acabamos esquecendo e perdendo para o reformismo, que costuma ser a vanguarda que mantém uma retaguarda domada pela ideologia dominante, que tem entre seus elementos mais poderosos exatamente machismo, racismo, homofobia etc.

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