Doses maiores

2 de setembro de 2024

Malcolm e Martin calados por balas

Em 28 de agosto completaram-se os 50 anos da morte de Martin Luther King, atingido por um tiro, em Memphis. Três anos antes, Malcolm X também morrera alvejado por 21 balas, em Nova Iorque.


Essas duas figuras gigantes das luta antirracista tinham várias diferenças entre si. A começar pelos lugares onde surgiram e pelas formas de resistência que adotaram. 

King lutava pela integração dos negros à cidadania no sul dos Estados Unidos, onde o racismo era legalizado. Malcolm queria deixar evidentes as diferenças com que era tratada a população negra no leste do país, onde o racismo não era previsto em leis, mas exercido sem constrangimentos. Em especial, através da violência policial, utilizada com total cumplicidade e apoio das elites brancas.

Contra o racismo escancarado, King defendia o diálogo e a resistência pacífica, buscando nada mais do que a ampliação dos direitos dos brancos para os negros. Onde o racismo tentava camuflar sua crueldade, Malcolm queria escancará-la. Responder à violência racista do Estado com o uso do legítimo direito de defesa da população negra.

Um enfatizava o diálogo e a ação pacífica. O outro, a ação direta e a resistência “por todos os meios”. Mas ambos foram eliminados no momento em que começavam a desafiar as próprias raízes da desigualdade econômica e racial da sociedade em que viviam.

A morte deles foi uma grande vitória do aparato de dominação estadunidense. Um sistema que só permite a alguns não brancos ascenderem a posições de poder, desde que se calem sobre o racismo que o estrutura.

Leia também: O movimento negro na resistência à automação produtiva

2 comentários: