Doses maiores

25 de fevereiro de 2025

O tudo ou nada de Trump

A burguesia não pode existir sem revolucionar constantemente os instrumentos de produção, portanto as relações de produção e, com elas, todo o conjunto de relações sociais. A conservação do velho modo de produção numa forma inalterada era, pelo contrário, a primeira condição de existência de todas as classes industriais anteriores. O revolucionamento constante da produção, a perturbação ininterrupta de todas as condições sociais, a incerteza e agitação contínuas distinguem a época burguesa de todas as anteriores.

O jornalista Luiz Carlos Azedo citou as palavras acima no artigo “Um pouco de Marx para explicar as loucuras de Trump”, publicado no Correio Braziliense. São de Marx e Engels e estão no Manifesto Comunista. Segundo Azedo, o trecho mostra-se profético em relação ao governo Trump. Afinal, diz ele, “para modernizar a sua economia e enfrentar a China, o presidente dos Estados Unidos põe em xeque tudo o que obstrui suas intenções, inclusive a democracia e a ordem mundial”.

Faz sentido, mas Trump apenas escancara o papel caótico e desagregador que a burguesia e seus vários setores desempenham sempre que a luta de classes permite.

Os explorados estão desorganizados e desorientados. O sistema imperialista sob estresse, com vários polos em disputa. O império estadunidense debate-se em seu declínio, mas tem munição, literalmente falando, para aliviar seus problemas, causando muito sofrimento, destruição e morte, principalmente para as maiorias exploradas e oprimidas da população mundial.

É a aposta no tudo ou nada da dominação do capital. A ela os trabalhadores e a humanidade em geral deveriam responder tal como Rosa Luxemburgo há mais de 100 anos: contra a barbárie, só o socialismo.

Leia também: Big thecs: o autoritarismo neoliberal escancarado

2 comentários:

  1. "Os explorados estão desorganizados e desorientados. O sistema imperialista sob estresse, com vários polos em disputa." Essa frase não passaria numa banca de mestrado na qual eu tivesse voto, rsrsrs. Mandaria explicar quem são os explorados e exemplos dessa desorganização e desorientação. Pediria explicação sobre esse estresse do sistema imperialista, factualizando com dados reais. (rsrs). Brincadeira. Um ensaio, um resumo crítico para as massas não pode chegar a esse nível de chatice... Mas eu lembrei que uma objetividade mais rasa seria bem vinda: QUEM DOMINA A INDUSTRIA ARMAMENTISTA AMERICANA/ISRAELENSE QUE TEVE SEUS INTERESSES CONTRARIADOS PELA BURGUESIA LIGADA AO CAPITAL PRODUTIVO? Nomes? Musk não vale, rsrs. Veja : (" Levantamento inédito feito pelo Joio mostra que, somadas, BlackRock, Vanguard Group e State Street Global Advisors têm as maiores fatias sobre 16 dessas empresas – entre elas, Coca-Cola, Pepsico, Tyson Foods (do setor de carnes) e Bunge (gigante do setor de grãos)" . ou "(A investigação de Stefania Vitali, James B, Glattfeldes e Stefano Battiston, “The network of global corporate control” (A rede do controle corporativo global), não se baseava em teorias econômicas ou políticas, mas sim no desenho de sistemas e demonstrava que 1318 empresas transnacionais possuíam direta ou indiretamente ações de sociedades que representavam 60% das receitas mundiais.).

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    1. Não sei se entendi, mas "polos em disputa" pode englobar todo tipo de rivalidade dentro do sistema capital-imperialista. Daquelas dentro de setores nacionais da burguesia até entre os próprios estados. Segundo Hal Draper, a burguesia é a única classe dominante da história em que a concorrência entre seus membros é constante e funcional ao sistema. Mas há momentos e situações em que essa concorrência assume formas quase apocalípticas. Abraço

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