Trotsky dizia que aprendeu tudo o que precisava saber sobre uma organização revolucionária com cinco trabalhadores. Um deles sempre foi um militante socialista, defensor intransigente dos oprimidos, à frente de qualquer luta dos explorados. Outro deles era um reacionário nato. Havia nascido e morreria sendo um fura-greve. Mas, os outros três trabalhadores não eram nem revolucionários nem reacionários. Às vezes, eram influenciados pelo reacionário, às vezes, pelo revolucionário. Ficavam no meio dos dois, sempre em disputa.
Segundo Trotsky, o objetivo de uma organização revolucionária é empurrar os trabalhadores que ficam no meio para perto do militante revolucionário. E oferecer a este organização, consciência e conhecimento sobre as tradições de luta. Elementos que lhe permitam conquistar os trabalhadores em disputa e isolar a direita.
O fascismo, especialista em espelhar e distorcer os métodos socialistas a favor de seus objetivos, faz o mesmo trabalho de isolar a militância de esquerda e empurrar as pessoas que vacilam para perto de suas organizações. Mas com uma grande diferença. O fascismo conta com um ecossistema social e político extremamente favorável. Esse ambiente propício surgiu de décadas de domínio ideológico do neoliberalismo e de um Estado omisso ou cúmplice em relação aos crimes do fascismo. Mas também, e principalmente, das contradições internas dos setores explorados e oprimidos, que os levaram a abandonar o terreno de combate e a ser derrotados em várias frentes de luta.
O que Trotsky defendia não era mais do que a necessidade de travar uma disputa de hegemonia com as classes dominantes que vá muito além das disputas eleitorais e da ocupação de postos governamentais.
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