“Não temos terra nem para enterrar nossos familiares mortos pelos fazendeiros”.
Estas palavras são do cacique da Aldeia Potrero Guassu, no Mato Grosso do Sul.
Foram dirigidas a uma comissão formada por parlamentares, Ministério Público Federal, Polícia Federal, Funai e outras entidades em reunião realizada em junho passado com representantes de mais de 20 aldeias indígenas daquele estado.
Esta, porém, é só uma parte da realidade que o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) mostra em seu relatório “Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil”, lançado em julho.
Entre as muitas informações assustadoras do levantamento, a constatação de que a cada 100 indígenas que morrem no Brasil 40 são crianças. Para Dom Erwin Kräutler, presidente do Cimi, o número confirma “que está em curso uma política indigenista genocida”.
Mas não é de agora. Em seu livro "Brasil: Uma Biografia", Lilia Schwarcz e Heloisa Starling lembram as constantes matanças que marcam os povos indígenas entre nós. Ao mesmo tempo, recuperam a romantização por que passou a figura do índio em nossa história a partir do século 19.
O fenômeno era parte do processo de criação de um “panteão de heróis nacionais” necessário ao país recém liberto do colonialismo português. “Por oposição aos africanos, que lembravam a vergonhosa instituição escravocrata, o indígena permitia selecionar uma origem mítica e estetizada”, dizem as autoras.
Um dos pioneiros dessa romantização foi Gonçalves Dias, cujo poema mais conhecido é “I-Juca-Pirama”. Mais profético do que poético, o título da obra quer dizer em tupi “o que há de ser morto”. O subtítulo poderia ser “e nem mesmo terá direito a uma sepultura digna”.
Leia também: Suicídio indígena, branco e ocidental
Foram dirigidas a uma comissão formada por parlamentares, Ministério Público Federal, Polícia Federal, Funai e outras entidades em reunião realizada em junho passado com representantes de mais de 20 aldeias indígenas daquele estado.
Esta, porém, é só uma parte da realidade que o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) mostra em seu relatório “Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil”, lançado em julho.
Entre as muitas informações assustadoras do levantamento, a constatação de que a cada 100 indígenas que morrem no Brasil 40 são crianças. Para Dom Erwin Kräutler, presidente do Cimi, o número confirma “que está em curso uma política indigenista genocida”.
Mas não é de agora. Em seu livro "Brasil: Uma Biografia", Lilia Schwarcz e Heloisa Starling lembram as constantes matanças que marcam os povos indígenas entre nós. Ao mesmo tempo, recuperam a romantização por que passou a figura do índio em nossa história a partir do século 19.
O fenômeno era parte do processo de criação de um “panteão de heróis nacionais” necessário ao país recém liberto do colonialismo português. “Por oposição aos africanos, que lembravam a vergonhosa instituição escravocrata, o indígena permitia selecionar uma origem mítica e estetizada”, dizem as autoras.
Um dos pioneiros dessa romantização foi Gonçalves Dias, cujo poema mais conhecido é “I-Juca-Pirama”. Mais profético do que poético, o título da obra quer dizer em tupi “o que há de ser morto”. O subtítulo poderia ser “e nem mesmo terá direito a uma sepultura digna”.
Leia também: Suicídio indígena, branco e ocidental
Já vi muitas frases chocantes sobre o extermínio indígena. Algumas podem até ser mais chocantes, mas esta que cita neste seu blog é a mais profunda. De um lado a matança dos índios pelos homens brancos; e do outro a usurpação das suas terras. De um lado a profusão (dos mortos), e de outro a ausência (de terra). Quem vence? Só o capitalismo. Pode não ter "novidade", mas a síntese formulada pelo cacique da Aldeia Potrero Guassu, dizendo que sequer os índios tem mais onde enterrar seus mortos, é de uma tristeza profunda.
ResponderExcluirÉ, Marião. Não tá dando nem pra enterrar o coração na curva do rio.
Excluir