Dificilmente
uma pessoa que não seja muito especializada seria capaz de utilizar todos os
dedos das mãos para enumerar quantas compositoras brasileiras conhece. Por
isso, o número exposto no título acima parece tão surpreendente.
Ele
é produto da pesquisa de pós-doutorado "Cartografias da Canção Feminina –
Compositoras Brasileiras no século 20 [e um passeio pelos séculos XIX e XXI]”.
Sua autora é Carô Murgel, doutora em História Cultural pela Unicamp.
Em
entrevista a Arrigo Barnabé, no programa Supertônica,
Carô lembra, por exemplo, que o famoso samba “Chiclete com Banana” não é de Jackson do Pandeiro, mas de sua mulher, Almira
Castilho.
Não
fosse pela desconhecida Dora Vasconcelos, obras-primas de Villa Lobos continuariam restritas
às salas de concertos. Suas inspiradas letras permitiram a
intérpretes como Olivia Byington e Monica Salmaso gravarem maravilhas como “Canção sentimental” ou “Cair da tarde”.
Helena dos Santos deveria ser famosa, mas não é. Negra e de origem pobre, ela é
responsável por várias composições de sucesso gravadas por Roberto Carlos.
Alice
Ruiz fez a letra de “Socorro”, musicada e interpretada por Arnaldo
Antunes. Também compôs “Quase nada”, em parceria com Zeca Baleiro.
Além disso, tem cerca de 50 músicas gravadas por artistas como Adriana
Calcanhoto, Cássia Eller, Gal Costa e Ney Matogrosso. Mas é mais conhecida por
ser viúva de Paulo Leminski.
Voltando
ao século 19, Carô descobriu que muitas criações musicais femininas eram
atribuídas a figuras tão genéricas e anônimas como “uma niteroiense talentosa”.
E que até algumas décadas atrás, os direitos autorais de compositoras eram
arrecadados em nome de seus maridos, pais, irmãos e outros parasitas masculinos
do talento feminino.
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Muito interessante.
ResponderExcluirFiquei surpresa!
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