Em 04/02/2019, Jean-Claude
Guillebaud publicou artigo no portal
“La Vie”, sobre “A grande inquietude contemporânea”.
Para o jornalista e
escritor francês, as mudanças por que passamos nos últimos trinta anos, por sua
“amplitude e, especialmente, sua velocidade, foram suficientes para deixar todos
atordoados”. Elas teriam acontecido “mais rápido do que o pensamento”.
Para o articulista:
...o
colapso do Império Romano, o Renascimento, o Iluminismo ou as duas Revoluções
Industriais, deram origem a outro mundo. Mas nós ainda temos dificuldades, por
enquanto, para ler o atual turbilhão planetário.
Vivemos “às apalpadelas”,
continua Guillebaud:
Vivemos,
pela força das circunstâncias, num universo impensado, o que não significa que
seja impensável. Essa opacidade faz nascer em nós mais terrores obscuros do que
esperanças, mais medos instintivos do que confiança, e mais perguntas do que (...)
a nossa inteligência é capaz de apreender.
Ainda segundo o texto:
As
disciplinas do conhecimento, como a sociologia ou a filosofia, não tiveram
tempo, por assim dizer, para forjar os conceitos que possibilitariam compreender
essas mudanças. E para exorcizar a ansiedade que elas inspiram.
“Nosso entendimento do
mundo não está ‘em pane’. Está atrasado”, conclui Guillebaud.
Muito interessante. Mas corre
o risco de sugerir que basta que o conjunto do conhecimento humano alcance a
velocidade da vida contemporânea para dar conta de sua angustiante inquietude.
Na verdade, seria preciso
encontrar um rumo radicalmente diferente para a humanidade. Um que torne possível
que sejamos nós a decidir a velocidade dos acontecimentos e não o contrário.
Um passo importante nessa
direção seria entender melhor qual é, afinal, o papel da tecnologia. Tentaremos
fazer isso na próxima pílula.
Leia também:
Tempos
da aceleração sem sentidoSobre esquisitões e Inteligência Artificial
Nenhum comentário:
Postar um comentário